Employee Experience: o que é, porque investir e como aplicar na jornada do colaborador
- Time Botnicks
- há 4 dias
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Atualizado: há 48 minutos
O employee experience ou EX (experiência do colaborador) está no centro das estratégias de RH mais modernas — e com razão. O relatório Deloitte Global Human Capital Trends já apontava em 2017 que 79% dos executivos consideravam o tema “importante” ou “muito importante” para suas empresas.
Em 2024, os dados se fortaleceram: segundo o Zendesk EX Trends Report 2024, 83% dos líderes concordam que o employee experience deve ser prioridade; 90% acreditam que ela é essencial para reter talentos; e 87% reconhecem que a experiência interna impacta diretamente a do cliente.
Esses números refletem um novo cenário no mundo do trabalho, marcado pelo avanço da tecnologia e inteligência artificial, o crescimento do trabalho remoto e a mudança nas expectativas das novas gerações. Bem-estar, propósito e engajamento deixaram de ser diferenciais e passaram a ser pilares estratégicos.
É nesse contexto que ganha força o conceito de employee experience, ou experiência do colaborador. Mais do que oferecer bons salários, empresas que se destacam são aquelas que promovem experiências significativas ao longo de toda a jornada do colaborador — do recrutamento ao desligamento.
E os resultados vão além do discurso. Jacob Morgan, autor de The Employee Experience Advantage, constatou que:
As empresas que investem em EX são 4,2 vezes mais lucrativas e geram 2,1 vezes mais receita média do que as demais.
A pergunta que fica é a seguinte: Como melhorar a experiência do colaborador na prática aplicado em toda a jornada do colaborador? É isso que você vai descobrir neste artigo e muito mais.
O QUE VOCÊ VERÁ NESTE ARTIGO:
O que é employee experience?
Employee experience, ou experiência do colaborador, é o conjunto de percepções, sentimentos e interações que uma pessoa vivencia ao longo de toda sua jornada dentro da empresa — desde o primeiro contato no processo seletivo até o desligamento.
Essa experiência é moldada por diversos fatores, como:
Cultura organizacional e valores da empresa
Qualidade da liderança e da comunicação interna
Ambiente de trabalho físico e digital
Políticas de desenvolvimento, reconhecimento e bem-estar
Ao contrário de ações pontuais ou benefícios isolados, a employee experience é uma visão sistêmica e estratégica da vivência profissional. Ela busca responder à pergunta: “Como é, de fato, trabalhar aqui?”
Organizações que entendem essa perspectiva colocam o colaborador no centro das decisões e desenham experiências que fazem sentido para diferentes perfis e momentos da jornada, promovendo conexão, engajamento e resultados sustentáveis.
"Conecte os pontos entre as funções individuais e os objetivos da organização. Quando as pessoas veem essa conexão, elas extraem muita energia do trabalho. Elas sentem a importância, a dignidade e o significado do seu trabalho." - Ken Blanchard e Scott Blanchard.
Employee Experience e Employer Branding: Qual a diferença?
Embora estejam diretamente conectados, employee experience (EX) e employer branding não são sinônimos — e entender essa diferença é fundamental para construir uma estratégia de gestão de pessoas consistente.
Employee experience é a vivência real dos colaboradores dentro da empresa. Envolve todos os momentos da jornada, desde o recrutamento até o desligamento, passando por onboarding, desenvolvimento, clima organizacional e reconhecimento.
Employer branding, por sua vez, é a imagem que a empresa projeta como marca empregadora. Trata-se da reputação que a organização constrói no mercado como um bom (ou mau) lugar para se trabalhar.
Uma maneira simples de diferenciar os dois é pensar assim:
Employer branding é o que a empresa comunica sobre si; employee experience é o que o colaborador realmente vivencia no dia a dia.
Quando bem alinhados, esses dois conceitos se reforçam mutuamente. Mas se houver um descompasso — por exemplo, uma empresa que se vende como inovadora e colaborativa, mas na prática adota processos burocráticos e uma comunicação interna pouco transparente — a consequência pode ser desengajamento, alta rotatividade e queda na credibilidade da marca.
Por que investir em employee experience?
A experiência do colaborador tem um impacto direto no nível de engajamento das equipes. Quando as pessoas vivenciam jornadas positivas dentro da empresa — com reconhecimento, boas lideranças, ambiente saudável e oportunidades reais de crescimento — elas se sentem mais conectadas ao trabalho e mais motivadas a contribuir.
Esse engajamento, por sua vez, afeta diversos indicadores de desempenho. De acordo com pesquisa da Gallup, equipes engajadas apresentam resultados significativamente melhores do que equipes desmotivadas.
Veja alguns dos principais benefícios associados a esse cenário:
1. Aumenta o engajamento e a produtividade
Equipes engajadas são mais comprometidas com os objetivos da organização. Segundo a Gallup, elas apresentam 17% mais produtividade e 21% mais lucratividade em comparação com equipes desmotivadas.
2. Reduz a rotatividade e o absenteísmo
Uma jornada positiva influencia diretamente a retenção de talentos. Equipes engajadas registram de 24% a 59% menos rotatividade e 41% menos absenteísmo, reduzindo custos com contratações e perdas operacionais.
3. Melhora a experiência do cliente
Colaboradores engajados tendem a oferecer um atendimento melhor e mais empático. Isso se reflete nas percepções externas: empresas com equipes engajadas têm avaliações de clientes 10% mais altas.
4. Contribui para um ambiente mais seguro e eficiente
O engajamento também está relacionado ao cuidado com o ambiente de trabalho. Empresas com altos níveis de engajamento apresentam 28% menos perdas e 70% menos incidentes de segurança.
5. Fortalece a cultura e a reputação da empresa
Colaboradores satisfeitos compartilham experiências positivas e se tornam defensores da marca empregadora, ajudando a atrair novos talentos e consolidar uma cultura forte e coerente.
Como começar a melhorar o employee experience
Melhorar o employee experience não é uma ação pontual — é um processo contínuo de escuta, análise e melhoria. E embora cada organização tenha sua própria cultura e desafios, alguns passos estratégicos podem orientar o início dessa jornada:
Aqui vão algumas boas práticas para colocar o conceito em ação:
Entenda o que importa para seus colaboradores: faça pesquisas de clima, colete feedbacks e observe comportamentos.
Mapeie a jornada do colaborador: identifique pontos de contato e oportunidades de melhoria.
Desenhe experiências personalizadas: entenda os diferentes perfis e contextos dos colaboradores na organização.
Reavalie continuamente: não precisa começar com grandes mudanças. Comece com o que está ao seu alcance.
Alinhe liderança e cultura: a experiência do colaborador deve refletir os valores da empresa — e a liderança tem papel central nisso.
1. Entenda o que importa para seus colaboradores:
O primeiro passo é entender como os colaboradores se sentem em relação à empresa. Mas como fazer isso?
Escute seus colaboradores e meça a experiência com dados reais: Use eNPS, eCSAT, questionários, pesquisas de pulso, pesquisas de clima, grupos focais e 1:1s para levantar dados reais sobre a jornada do colaborador. Os canais abertos de comunicação devem ser constantes.
O mais importante é agir com base nas respostas recebidas. Analise os pilares cultural, físico e tecnológico da sua empresa e avalie o quanto eles contribuem para a satisfação no dia a dia.
2. Mapeie a jornada do colaborador e os pontos de contato
Mapeie os pontos de contato entre a empresa e a pessoa colaboradora, da primeira interação até o desligamento.
Cada interação molda a percepção do colaborador. Identifique os momentos mais críticos e busque formas de torná-los mais humanos, fluidos e alinhados à cultura.
Use ferramentas visuais para facilitar o mapeamento e a identificação de melhorias. Como o mapa da jornada do colaborador.
3. Desenhe experiências personalizadas:
Segmentar os perfis dos colaboradores ajuda a entender diferentes expectativas e motivações. Isso torna as ações de experiência mais personalizadas e eficazes.
Por exemplo: as necessidades de um colaborador remoto podem ser diferentes das de um profissional que atua em campo ou em uma planta industrial.
4. Reavalie continuamente:
Estabeleça ações simples e contínuas! EX é uma jornada, não um projeto com início, meio e fim. Acompanhe os indicadores e adapte as estratégias com base nos feedbacks.
Crie rituais de escuta e revisão de processos com frequência, testando soluções de forma ágil. Exemplo: ajuste a experiência de onboarding com base no feedback de novos colaboradores a cada trimestre.
5. Alinhe cultura, propósito e liderança
A experiência só é real quando é sustentada pela cultura e vivida na prática. Por isso, o alinhamento entre discurso e comportamento é fundamental. Investir no treinamento e desenvolvimento da liderança é investir na experiência do colaborador.
Como aplicar a employee experience na jornada do colaborador
Com a escuta ativa estruturada, personas mapeadas e liderança engajada, é hora de transformar estratégias em ações.
O employee journey mapping é uma ferramenta essencial nesse processo: ela ajuda a visualizar a experiência do colaborador como um todo — do primeiro contato até o desligamento — e a identificar onde estão as oportunidades de encantamento ou frustração.
O que é employee journey mapping?
Trata-se do mapeamento completo da jornada do colaborador, identificando todos os pontos de contato entre a pessoa e a empresa. Isso inclui marcos formais (como o processo seletivo ou uma promoção) e também interações informais, como conversas com líderes ou comunicações internas.
Essa abordagem permite entender como o colaborador se sente em cada fase e como tornar essas experiências mais personalizadas, fluidas e humanas para melhora a experiência geral dos colaboradores.
A seguir, veja como aplicar a employee experience em cada etapa da jornada:
1. Recrutamento e Seleção
A experiência começa antes mesmo do primeiro dia. O processo seletivo já comunica muito sobre a cultura e os valores da empresa — e pode ser decisivo para atrair (ou afastar) talentos.
Pontos de contato: site de carreiras, descrição da vaga, entrevistas, comunicação com o RH, feedbacks de seleção.
Boas práticas:
Transparência nas etapas do processo.
Feedback para todos os candidatos.
Humanização nas interações com recrutadores.
Posicionamento claro de cultura e propósito.
2. Onboarding de novos colaboradores (Integração)
A fase de integração é responsável por moldar as primeiras percepções do colaborador. Um onboarding bem feito acelera o engajamento, diminui o turnover e reduz o tempo de adaptação à nova função e ao ambiente de trabalho.
Pontos de contato: pré-onboarding, primeiro dia, integração com políticas e processos (compliance), definição clara de funções, responsabilidades e expectativas, apresentação da cultura e dos valores da empresa, treinamentos iniciais, apresentações da equipe e reuniões com a liderança.
Boas práticas:
Roteiro de onboarding com trilhas personalizadas.
Apoio de um buddy ou mentor.
Integrar o novo colaborador à equipe
Integração com a cultura da empresa.
Acompanhamento nos primeiros 30, 60 e 90 dias.
3. Treinamento e Desenvolvimento
Após a fase inicial de adaptação, o colaborador busca oportunidades de crescimento. É essencial oferecer condições claras de desenvolvimento técnico e comportamental (hard skills e soft skills).
Pontos de contato: avaliações de desempenho, feedbacks, treinamentos, mentorias, promoções.
Boas práticas:
Planos de desenvolvimento individual (PDI).
Cultura de feedback constante.
Acesso facilitado a trilhas de aprendizagem.
Reconhecimento e valorização de conquistas.
4. Engajamento e Retenção
Colaboradores engajados são mais produtivos, inovadores e permanecem mais tempo nas empresas. O foco nessa etapa é criar um ambiente onde as pessoas se sintam valorizadas e conectadas ao propósito.
Pontos de contato: comunicação interna, clima organizacional, relacionamento com liderança, benefícios, escuta ativa.
Boas práticas:
Pesquisas de clima e pulse surveys frequentes.
Programas de reconhecimento.
Incentivo ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Práticas de inclusão, diversidade e pertencimento.
Como vimos anteriormente, equipes engajadas apresentam até 21% mais lucratividade e 59% menos rotatividade em comparação com equipes desmotivadas - Gallup
5. Offboarding (Desligamento)
A experiência do colaborador não termina no último dia. Um processo de desligamento bem estruturado deixa portas abertas para o futuro e fortalece a reputação da empresa.
Pontos de contato: comunicação do desligamento, entrevista de saída, encerramento de atividades e acessos, despedida da equipe.
Boas práticas:
Escuta ativa para entender os motivos da saída.
Encerramento respeitoso e transparente.
Agradecimento pela contribuição.
Valorização dos aprendizados gerados.
Tecnologia e experiência do colaborador
A tecnologia é uma grande aliada na construção de uma jornada mais fluida, personalizada e eficiente. Desde o recrutamento até o offboarding, plataformas digitais ajudam a automatizar tarefas operacionais e criar experiências mais humanas e conectadas.
Exemplos de como a tecnologia apoia a EX:
People Analytics: para entender padrões de comportamento, engajamento e desempenho.
Chatbots e assistentes virtuais: para personalizar a jornada e responder dúvidas frequentes.
Plataformas de gestão de onboarding: centraliza e automatiza todas as etapas da integração do novo colaborador, colhe feedbacks e analisa dados.
Ferramentas de comunicação interna: para engajar equipes remotas ou híbridas.
Como a Inteligência Artificial transforma a experiência do colaborador
A seguir, veja como a IA está impactando positivamente diferentes etapas da jornada do colaborador:
a. Automação do atendimento ao colaborador
Chatbots com IA e FAQs inteligentes já são realidade em muitas empresas. Eles oferecem suporte 24/7, respondem dúvidas frequentes em segundos e reduzem a sobrecarga das equipes de RH.
Além disso, esses assistentes virtuais ajudam a padronizar a comunicação e garantir que todos os colaboradores tenham acesso rápido e igualitário às informações de que precisam — seja sobre folha de pagamento, férias, benefícios ou políticas internas.
b. Onboarding com IA
A integração de novos colaboradores pode ser totalmente transformada com o apoio da IA. Bots personalizados guiam o novo colaborador desde o pré-onboarding, entregando conteúdos no momento certo e para a pessoa certa, facilitando o envio de documentos e respondendo dúvidas comuns de forma automatizada.
O resultado é um onboarding mais fluido, conectado e personalizado, o que reduz a ansiedade inicial e acelera o tempo até que o colaborador se sinta confiante e produtivo.
c. Treinamentos personalizados e contínuos
Com base no perfil, função e histórico de interações de cada colaborador, a IA pode recomendar trilhas de aprendizado sob medida. Ferramentas de microlearning permitem o consumo de conteúdos curtos e objetivos, que se adaptam à rotina e ao ritmo do colaborador.
Além disso, a IA ajuda a monitorar o progresso e sugerir próximos passos, promovendo uma cultura de desenvolvimento contínuo.
d. Monitoramento do bem-estar, satisfação e engajamento
A IA também pode ser usada para analisar dados de pesquisas de clima, escuta contínua e comportamento interno. Isso permite identificar padrões e sinais precoces de desmotivação, estresse ou risco de turnover.
Ferramentas inteligentes de people analytics oferecem relatórios em tempo real, alertas personalizados e sugestões de ação para gestores e RHs, permitindo uma abordagem mais proativa e estratégica na gestão da experiência do colaborador.
Design da experiência do colaborador
Assim como o design de experiência do cliente (CX), o Employee Experience Design (EXD) aplica conceitos de design thinking para mapear e melhorar a vivência das pessoas dentro da organização.
Esse processo envolve:
Ver o colaborador como um consumidor da empresa, entendendo suas reais necessidades e expectativas;
Jornada mapeada em estágios (recrutamento, onboarding, desenvolvimento, retenção e desligamento);
Prototipagem de soluções, testes e melhorias contínuas baseadas em feedbacks reais;
Co-criação com os colaboradores, tornando-os parte ativa das mudanças.
O resultado é uma abordagem mais humana, estratégica e orientada à experiência, que cria um ambiente mais engajador e produtivo.
Desafios da experiência do colaborador
Apesar dos avanços, ainda existem obstáculos importantes para uma experiência do colaborador consistente e eficiente. Os principais desafios incluem:
Falta de alinhamento entre liderança e cultura organizacional;
Subjetividade das experiências
Baixo investimento em tecnologia e inovação nos processos de RH;
Dificuldade de medir e acompanhar indicadores de EX;
Desigualdade de experiência entre times administrativos e operacionais.
Superar esses desafios exige um olhar estratégico, apoio da alta liderança e uma cultura centrada nas pessoas. A boa notícia é que os benefícios — como engajamento, produtividade e retenção — justificam o esforço.
Conclusão
Investir em tecnologia é uma forma prática de melhorar a experiência do colaborador sem perder a humanização do processo.
Com soluções baseadas em inteligência artificial, sua empresa pode automatizar etapas, oferecer jornadas mais personalizadas e garantir mais agilidade e eficiência desde o primeiro dia.
Se você busca uma forma de otimizar o onboarding e outros momentos-chave da jornada do colaborador, conheça como a Botnicks pode apoiar seu time de RH com:
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